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3 de abr. de 2013

Criminosos aplicam golpe da dívida

Ricardo Welbert
Consumidores do Centro-Oeste mineiro devem ficar atentos. Golpistas estão usando o nome do Tabelionato de Protestos de Divinópolis para fazer cobranças que não existem e enganar quem não entende as funções do cartório. Só ontem, o órgão registrou mais de 40 telefonemas de pessoas que afirmam ter sido procuradas por falsos funcionários do órgão.

Uma das vítimas é a empresária Fernanda Pereira de Rezende, de 34 anos. Dona de uma loja de artigos para presentes em Dores do Indaiá, ela recebeu um telefonema de um desconhecido, ontem pela manhã.

"A pessoa, muito educada, disse que meu nome seria protestado se não depositasse R$392, que seria a primeira de sete parcelas para quitar uma dívida", contou.

Sem se lembrar de dívida, a empresária pediu dados da empresa a quem ela deveria pagar. A pessoa do outro lado falou que não poderia fornecê-los porque o documento estava em um pacote lacrado.

"Desconfiei na hora, e disse que não pagaria dívida que não sei se é minha. A pessoa disse que meu nome iria para protesto. Pedi o número de telefone do cartório e, quando liguei, liguei, deu que os ramais estavam ocupados. Desconfiada, pesquisei no Google e descobri que o número que a mulher havia me passado era de outro município", relatou.

Quando finalmente conseguiu falar com um verdadeiro funcionário do Tabelionato de Protestos, Fernanda descobriu que havia escapado de um golpe.

"Fiquei impressionada ao saber que não havia dívida em meu nome. A pessoa que me ligou falava muito bem e poderia convencer, de forma fácil, qualquer pessoa que não tenha um pouco de desconfiança ou não saiba checar as informações de forma rápido", comentou a empresária.

O esquema não é antigo. De acordo com o escrevente Pedro Roberto Amorim Neto, o tabelionato de protestos recebe dezenas de telefonemas de vítimas todos os dias. Ele alerta que o órgão atua de acordo com a lei federal 9492/97, que não prevê a realização de cobranças por telefone ou e-mail.

"Quando um título é protocolado, a notificação segue por escrito, em via impressa, e a pessoa precisa assinar. A partir dessa etapa, ela tem um prazo de três dias para quitar a dívida, e isso não pode ser feito por meio de depósito ou transferência bancária. É preciso vir pessoalmente ao tabelionato", explica.

Além disso, o tabelionato não trabalha com prazo de horas para pagamento, mas, sim, de dias úteis. A atitude dos golpistas não gera dano financeiro para o tabelionato, mas lesa diretamente os consumidores que acreditam na conversa e depositam dinheiro nas contas bancárias informadas pelos criminosos, na esperança de pagar a suposta conta.

Crime
 

O delegado regional Fernando Vilaça, da Polícia Civil em Divinópolis, ficou surpreso ao ser questionado sobre casos de estelionato praticados em nome do tabelionato.

"Não temos registros destas tentativas, mas, de toda forma, é preciso que as vítimas destes golpistas registrem boletins de ocorrência e nos forneçam informações importantes, como os números dos telefones dos supostos cobradores. Isso vai ajudar bastante na investigação", diz.

Para saber


O Tabelionato de Protesto de Divinópolis funciona na avenida Antônio Olímpio de Morais, 338, no edifício Mariana, Centro. O telefone é o 3221-1838. Há, também, um site:
www.protestodivinopolis.com.br.

 


Reportagem orinalmente publicada no jornal Agora de 3 de abril de 2013 (foto: reprodução)


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