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3 de abr. de 2012

Os 93 anos da EEMAO

Ricardo Welbert

A Escola Estadual Monsenhor Artur de Oliveira (EEMAO), em Pitangui, é uma das mais antigas instituições de ensino do Centro-Oeste mineiro. Fundada em 31 de março de 1919, comemorou seus 93 anos de existência em uma manhã de sábado bastante movimentada. Alunos, professores e outros funcionários prepararam diversos trabalhos para uma exposição que aconteceu na própria escola. 

A escola ficou bastante movimentada na manhã de sábado, 31/3
(foto: Ricardo Welbert)

Mensagem fixada na entrada da EEMAO (foto: Ricardo Welbert)
O primeiro nome da escola foi Gymnásio de Pitanguy. Em 10 de fevereiro de 1922, foi rebatizada para Escola Normal de Pitanguy. Em 1929, o estabelecimento foi reconhecido pelo governo de Minas, que o comparou com a Escola Normal de Belo Horizonte. Por ser uma das primeiras casas de ensino da região, a EEMAO formou alunos residentes em diversos municípios vizinhos, como Divinópolis, Leandro Ferreira, Maravilhas, Pompéu, entre outros. O curioso é que depois de concluírem o curso normal, os estudantes podiam trabalhar como professores. 

Alunos assistem a palestra durante as comemorações pelo aniversário da escola
(foto: Ricardo Welbert)
Hoje, e Escola Estadual Monsenhor Artur de Oliveira forma alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, do 1º ao 3º do Médio e ainda oferece o Projeto Acelerar para Vencer, onde o estudante cursa dois anos em um. Um caso de grande sucesso é o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), que recebe adultos de todas as idades que paralisaram os estudos no Ensino Médio. 

Neste ano de 2012, a EEMAO oferece educação para mil estudantes, sendo 600 no turno da manhã, 120 à tarde e 280 à noite. Entre os funcionários, são 61 empregos diretos. 

Em 26 de junho de 2008, o Simave/Proeb, uma avaliação estadual, colocou a escola em 2º lugar de aprovação no conteúdo de Matemática para o 3º ano do Ensino Médio, entre as 62 escolas da Secretaria Regional de Ensino. Grande na educação e no espaço físico, a EEMAO possui uma área total de 30.000 m² e oferece a seus alunos um laboratório completo, duas salas de informática, um auditório com capacidade para 300 pessoas, uma biblioteca e 16 amplas salas de aulas. 

Uma das partes da escola (foto: Ricardo Welbert)
Diversos eventos compõem o calendário anual da casa de ensino. Entre eles, a Feira de Cultura, o concurso Garoto e Garota EEMAO e o Festival da Canção. Nos esportes, a atuação é garantida nos Jogos Estudantis de Pitangui e de Minas Gerais. 

Diretor da EEMAO há oito anos, Marco Antônio Saldanha reconhece a tradição da instituição na formação de seus alunos. “O ensino praticado aqui foi o alicerce da formação profissional de muitos médicos, advogados, políticos, entre outros profissionais reconhecidos em muitos lugares”, disse. Para Marco Antônio, o maior orgulho da escola é a aprovação de seus alunos em vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio. 

Diretor da EEMAO, Marco Antônio Saldanha diz que aprovações em vestibulares são o orgulho da escola
(foto: Ricardo Welbert)
Como nem tudo são flores, o diretor ressalta a falta de cobertura na quadra de esportes da escola como um grande problema a ser resolvido. “Já conseguimos a reforma da quadra e até construímos uma escadaria de acesso a ela, mas a cobertura ainda não se concretizou. Existe um projeto que foi enviado ao Ministério da Educação. Estamos aguardando a liberação da verba”, disse. 

Mesmo aos 93 anos, quadra da escola continua sem cobertura
e alunos seguem praticando Educação Física debaixo de sol (foto: Ricardo Welbert)
Outra grande preocupação da escola, segundo seu diretor, é o consumo de drogas entre jovens. “Acho que toda escola hoje em dia precisa saber lidar com casos de alunos que se envolvem com drogas, tentar usar a educação e o esporte para livrar os jvoens dessa enrascada e lutar para impedir a entrada de entorpecentes no ambiente escolar”. Na avaliação de Marco Antônio, o fator que mais contribui para o envolvimento de jovens com drogas é a falta de apoio familiar. “Embora existam casos de filhos viciados em famílias estáveis, a maior parte está relacionada a famílias desestruturadas, cujos pais são ausentes, não acompanham a vida escolar dos filhos e não incentivam a prática esportiva. A escola precisa resgatar estes alunos e possibilitar a eles boas colocações na sociedade”, afirma. 

Em conversa com alunos no auditório da escola, o diretor falou sobre o fato de que muitos dos pais deles estudaram na EEMAO. “Vocês precisam se orgulhar por estudarem aqui. Muitos jovens estão à espera de vagas e não podemos aceitá-los agora porque as turmas estão cheias demais”, disse Marco Antônio. Uma aluna abriu as comemorações com a leitura de um poema que escreveu sobre a instituição e foi bastante aplaudida por todos.

Aluna apresenta poema sobre a escola (foto: Ricardo Welbert)
Combate às drogas

Ponto alto da comemoração pelos 93 anos da EEMAO foi a palestra sobre drogas realizada por integrantes da Sociedade Vida e Renascer (Sovir), que é um centro de reabilitação para viciados que funciona em Conceição do Pará. Conhecido como “fazendinha”, o lugar abriga cerca de cem pessoas e já atendeu outras mil e quinhentas. 

Integrante da Sociedade Vida e Renascer conta sobre suas experiências com drogas
(foto: Ricardo Welbert)
W. F. M., de Pará de Minas, está há oito meses se recuperando. Ele pediu atenção aos alunos. “É importante que vocês sejam conscientes de suas escolhas. Eu afundei ao escolher o mundo das drogas. Arrependo-me por não ter dado ouvidos à minha mãe, que tentou me ajudar logo no início. Quando acordei, já era dependente das drogas”, contou. 

Natural de Itapecerica, H. L. D. S. contou que consumia drogas apenas para “fazer bonito e aparecer”. Mas, no fim das contas, não viu beleza no vício e muito menos conseguiu algum lugar de destaque na sociedade. “Por isso, hoje não quero mais saber de droga”, contou. 

Alerta parecido foi dado por J. A. P., natural de Belo Horizonte. “Metade da minha vida foi embora com as drogas. Não dei ouvidos a quem me alertava e perdi o prestígio até mesmo com os meus pais. Foi muito triste. Hoje, estou muito feliz, pois a recuperação está sendo um sucesso. Fico ainda mais feliz porque meu filho está aqui na platéia, me assistindo”, disse ele. 

L. S. é do Norte de Minas e também contou sua experiência. “Eu achava que era feliz, até que conheci o crack. Essa droga me tirou condições básicas de vida, como o emprego e a dignidade”. 

Ao final da palestra, os rapazes mostram seu grito de guerra contra as drogas, entoando em volume alto: “Eu quero ser feliz! Eu preciso ser feliz! Eu sou feliz! Vida! Jesus! Força!”. 

Alunos aprovaram

O estudante Jaime Alves da Silva Júnior, de 19 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio, contou o que achou da palestra. “Cada pessoa que está relatando suas experiências é importante, pois foram usuárias de drogas e estão nos contando o quanto saíram prejudicadas por isso. A palestra é fortificante para elas e para nós, alunos”.

Melissa Vasconcelos, 15, que também cursa o 1º ano, aprendeu bastante. “Tudo o que eles falaram foi muito importante. Nos mostraram que jovens não precisam usar drogas para serem felizes, pois elas servem apenas para deixar o usuário sem família e amigos”, contou. 

A presidente da Sovir, Vera Cançado, que administra a “fazendinha”, falou sobre a importância de levar aos jovens as mensagens dos ex-viciados. “Esse contato com os mais novos é necessário para que conheçam os males causados pelas drogas por meio de testemunhos de pessoas que viveram tristes experiências”, afirmou. 

Vera Cançado, presidente da Sovir (foto: Ricardo Welbert)
No momento em que falava com a reportagem, Vera foi surpreendida pela estudante Ana Carolina Júnia Petronilho, de 16 anos, aluna do 7º ano do Ensino Fundamental. Emocionada, a garota agradeceu pela palestra. “Os depoimentos foram maravilhosos e mexeram comigo porque conheço alguém que foi viciado e hoje está no caminho certo da recuperação”, contou. 

Sara Ferreira Guimarães, 12, também aluna do 7º, foi outra que aprovou a palestra. “Adorei! Aprendi que não devemos usar drogas porque nos causam muitos sofrimentos”. 

As estudantes Ana Carolina e Sara Ferreira (foto: Ricardo Welbert)
Vídeos educativos

Na sala de informática da escola, alunos usaram computadores para exibir vídeos sobre os males causados pelas drogas à saúde das pessoas. Ao chegar, o visitante assinava o nome em uma lista, se sentava ao computador, colocava os fones de ouvido e assistia aos trabalhos produzidos. Ao sair, avaliava com nota de zero a cinco.

Escritores locais

Outro destaque da comemoração pelos 93 anos da Escola Estadual Monsenhor Artur de Oliveira foi o cantinho dos escritores pitanguienses, criado em uma das salas. O poeta Jorge Mendes Guerra Brasil, de 66 anos, conta que nunca estudou na EEMAO, mas já mencionou a escola em alguns trabalhos seus. “Os alunos daqui costumam me procurar quando fazem trabalhos sobre a cultura local e pedem que eu venha falar para eles. Eu venho”. 

O poeta José Antônio de Freitas é inspetor de alunos da EEMAO há 36 anos e tem grande admiração pela escola. “Vivenciei muitas mudanças positivas desde que comecei a trabalhar aqui, em outubro de 1975. Em minha lembrança, tenho muitas histórias interessantes com alunos e colegas de trabalho”, conta. 

Palavras dos ex-alunos

Uma das turmas produziu uma exposição com mensagens de muitos ex-alunos. 

Cada folha trazia a mensagem de um ex-aluno (foto: Ricardo Welbert)
Mensagem de uma ex-aluna (foto: Ricardo Welbert)
Estudante lê as mensagens de ex-alunos (foto: Ricardo Welbert)
Palavras das serviçais

Quem não se lembra da cozinheira da escola? A fase da educação básica, além de ser de extrema importância para a formação pessoal e profissional, proporciona diversos momentos gostosos que levamos na lembrança para a vida toda. Maria José Ambrósio ocupa este cargo há quase 20 anos na EEMAO e afirma gostar muito do que faz. “Eu amo e faço tudo com muita dedicação. Gosto da escola e torço pelo sucesso de cada aluno. Nesta comemoração de aniversário, é importante transmitir aos jovens o valor histórico da escola, que deve ser preservado para ser repassado às próximas gerações”, ela disse. 

Antônia Salomé de Faria é ajudante de serviços gerais e aluna do EJA. “Depois de 35 anos sem estudar, voltei à escola porque o Estado exigirá de seus funcionários pelo menos o Ensino Médio completo. Gosto muito de trabalhar e estudar aqui na EEMAO. É um lugar muito bom”, afirma. 

Maria José (E) e Antônia Salomé (foto: Ricardo Welbert)
Shows musicais

Para finalizar a manhã de comemorações pelo aniversário da EEMAO, alunos, ex-alunos e professores se reuniram para duas apresentações que prenderam a atenção do público. A primeira, com Aliny Lee e convidados. Em seguida, foi a vez da banda Quatro Estações. 

Aliny Lee e convidados (foto: Ricardo Welbert)
Quatro Estações (foto: Ricardo Welbert)
O diretor da EEMAO, Marco Antônio Saldanha, acompanhou de perto cada uma das etapas da comemoração. Ao final, três alunas pediram para serem fotografadas ao lado do diretor. 

As alunas Marcela Silva, Letícia Gomes e Melyssa Mayra com o diretor, Marco Antônio Saldanha
(foto: Ricardo Welbert) 

7 comentários:

Lorelei disse...

Conhecendo um pouco da história de Pitangui pelas palavras de Ricardo Welbert. Excelente matéria!

Carlos Nunes disse...

Ricardo,
é sempre bom saber que podemos contar com sua competência na cobertura dos acontecimentos de nossa cidade.
Grande abraço e mantenha o bom serviço,
Carlos Wagner

Giovanni M Pereira disse...

Ricardo, falar da sua competência é dispensável pois todos sabem sobre seu talento.

Parabéns pela matéria que abordou um pouco da história, o momento de comemoração pelo aniversário da escola e uma triste realidade que é a presença das drogas entre nossos jovens.

Sou um admirador confesso do seu trabalho.

Leonardo Morato disse...

Excelente matéria, sob um tema muito propício e merecido: o aniversário do EEMAO! Um dia desses encontrei na web uma foto "das antigas" da turma de 8ª série em 1992, onde eu estava e parece que voltei no tempo... bons tempos. O Colégio foi fundamental para a minha formação.

Parabéns Ricardo!

Anônimo disse...

Não estudei em Pitangui Ricardo mas, li a materia toda , achei interessante e me fez lembrar da escola onde formei, dos colegas de sala,...
“é sempre muito importante que as escolas não percam o costume de trazer palestras de todo tipo para os alunos, o mau da sociedade esta na falta de conhecimento“
Parabens Ricardo !!!

Selma Assis disse...

Parabéns pela reportagem, Ricardo. Mto boa a matéria. Continue assim, dedicado e esforçado no que faz.

Anônimo disse...

Parabéns pela excelente reportagem sobre os 93 anos da nossa querida EEMAO. Obrigado por relatar fielmente o acontecimento.Marco Antonio Salanha - Diretor