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11 de jul. de 2009

Entre a "liberdade" e o diploma

É lamentável a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da não-obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a profissão. O curso, inclusive, é reconhecido pelo Ministério da Educação. O perigo da atitude do STF está no fato de que o jornalista é um profissional que detêm alto poder de informação.

Várias atividades profissionais, que antes não exigiam determinado grau de instrução, hoje exigem não somente a formação superior, como também passagens por cursos de especialização e aperfeiçoamento. Por que com o jornalismo deve ser diferente?

A formação acadêmica é necessária. A educação é o sustento para o progresso no contexto social e impõe respeito à mão de obra. Defendendo interesses pessoais, estes senhores desmoralizam uma instituição fiscalizadora.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO? NÃO DIGA... - Este direito já existia no Brasil muito antes desta esdrúxula decisão do Supremo. Diariamente são publicados milhares de artigos escritos por pessoas formadas nas mais diversas áreas, ou mesmo em nenhuma, nos mais variados tipos de veículo, como forma de artigo de opinião. Já era um direito de todos.

Lembro de ter lido uma vez, no Estado de Minas, uma carta escrita por um mendigo de Belo Horizonte onde ele questionava o tratamento que recebia da sociedade. Ele deve ter escrito numa folha qualquer e entregue na portaria da redação. Alguém leu, digitou, revisou e publicou. Fez a liberdade de expressão do mendigo.

Agora, outra coisa é o mendigo ser repórter contratado pelo jornal (se bem que as grandes empresas jornalísticas em sã consciência não fariam isso). Pode ser que o jornalismo vire “bico” para quem trabalha por apenas meio período.

NOTÍCIA É PRODUTO. VOCÊ GOSTA DE COMPRAR PRODUTO DE BAIXA (OU SEM) QUALIDADE? - Estudar técnicas e teorias de comunicação faz sentido para que cheguem à sociedade notícias de qualidade, que contribuam para a percepção de mundo do indivíduo, sua conscientização e capacidade crítica.

A decisão do plenário do STF, por 8 votos a 1, foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário 51.1961, interposto pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo contra acórdão do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, que afirmou a necessidade do diploma, contrariando uma decisão da primeira instância numa ação civil pública. O voto vencido foi do ministro Marco Aurélio Mello. Quanto ao Ministério Público, este vem atuando dentro de suas funções, em defesa da sociedade e das leis. A parte interessada no fim da exigência do diploma é o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão.

SÓ PODE SER IRONIA - Os ministros do STF abriram concurso para contratar 14 jornalistas, mas teve de adiar o trabalho, pois não sabiam se exigiam ou não o diploma. Deviam aproveitar que agora não é mais obrigatório ter diploma e convocar uma galera do MST (Movimento dos Sem Terra), do PCC (Primeiro Comando da Capital) ou algum político que tenha sido cassado para preencherem os cargos. Estariam gerando emprego!

O julgamento feito pelos jornalistas diplomados, de comprometimento com a verdade, passou a valer nada.

Agora fica a dúvida: o que pode acontecer com um país que aposta no retrocesso da formação superior?

Na foto ao lado, profissionais e estudantes do curso de jornalismo se reuniram no dia 1º de julho em frente à sede do Centro Cultural da Justiça Federal no Centro do Rio. Eles protestam contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a obrigatoriedade do diploma de jornalismo.

A presidente do Sindicato municipal dos Jornalistas do Rio, Carmem Pereira, criticou a medida.

"A decisão do Supremo foi um retrocesso que quebrou uma luta de mais de 100 anos pelo direito do diploma", disse ela.

Fotos: Stock.xchng, Tássia Thum/G1

3 comentários:

Marina disse...

O que posso dizer Ricardo?! Incrível! Defendeu muito bem seu ponto de vista, mesmo tendo outro não dá para negar isso. Parabéns! Você está se superando a cada dia. Dá para perceber mesmo que você buscou muitas informações sobre o assunto para só então se posicionar.

Bj

Ricardo Welbert disse...

Valeu Marina! Que bom que gostou!

anareis disse...

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