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20 de mar. de 2012

Elas na área

Ocupando cargos cada vez mais altos, mulheres brasileiras – e divinopolitanas – mostram a que vieram

Rafael Moreira
Ricardo Welbert

Em 2008, os cantores sertanejos Teodoro e Sampaio lançaram seu 23º álbum, intitulado Quem Vai Mandar no Mundo é a Mulher. A faixa que dá nome ao disco logo se tornou um dos maiores sucessos da carreira da dupla. A letra foi inspirada no crescimento da participação feminina em esferas sociais até pouco tempo dominadas pelos homens.

Em 2010, o Censo populacional realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que os compositores tinham razão. Naquele ano, as mulheres representavam 51,04% da população brasileira, enquanto os homens detinham apenas 48,96%. Estima-se a existência de 3,9 milhões de mulheres a mais do que homens no país.

Em Divinópolis, o cenário é o mesmo. Em 2010, o total de habitantes foi calculado em 213.076 (crescimento de 15,83% em relação ao último levantamento, realizado em 2000). Destes, 97,42% residem na área urbana do município. O número de mulheres (51,25%) continua superior ao dos homens (48,75%).

Mulheres na confecção em Divinópolis
(foto: Rafael Moreira)
De acordo com Antônio Rodrigues Filho, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), as mulheres ocupam lugares estratégicos na indústria de confecção da cidade. “Elas representam 90% da massa operária e correspondem a 70% do empresariado. Essa presença marcante é um ganho muito positivo para elas, pois muitas são chefes de família”, disse.

Equanto homens tendem a trabalhar visando à produtividade (ou seja, a quantidade de peças produzidas), as mulheres objetivam a qualidade dos produtos. Para o presidente do Sinvesd, esse pensamento pode ser prejudicial à produção. “Os melhores índices de produtividade estão no Sul do Brasil, onde os homens estão mais presentes na linha de produção. Para alcançarmos os números daquela região, as mulheres que trabalham em Divinópolis precisam produzir mais”, comentou.

O predomínio de mulheres dentro e fora das indústrias de confecção influencia o consumo. Mais de 60% do que é produzido em Divinópolis corresponde à moda feminina (lingerie e roupas de praia). Marília Gomes dos Santos é gerente de uma loja de roupas na região central e garante que a clientela feminina é mais exigente. “Ao contrário dos homens, elas não se importam em pagar mais um produto de qualidade superior. Quando o produto deixa a desejar, elas criticam e pedem melhorias”, disse a comerciante.

Giovani da Silva é dono de uma confecção especializada em moda feminina. “Já tentei produzir moda masculina, mas não deu certo. Em Divinópolis o que “pega” é roupa de mulher”, afirma.

Vanildo Araújo, proprietário de um salão de beleza no bairro Belvedere, diz que as divinopolitanas levam a beleza muito a sério. “Existe uma concorrência acirrada no que diz sentido à conquista dos homens. Elas querem ficar cada vez mais bonitas. As comprometidas são as mais preocupadas com a beleza, pois não querem perder o homem para as concorrentes”, comenta.

Indiferença

A professora Batistina Maria de Souza Corgozinho, autora de um estudo sobre a evolução de Divinópolis, não vê influências positivas da maioria feminina. “Apesar de os números mostrarem uma quantidade maior de mulheres em todo o Brasil, a maioria delas continua ocupando cargos mal remunerados e não tendo tanto poder de decisão. Em Divinópolis, por exemplo, quem decide os rumos da cidade continuam sendo os homens”, afirma.

Felicidade

A jovem Elizandra Valquíria Reis, de 23 anos, ocupa um cargo tradicionalmente feminino. Ela é empregada doméstica – pelo menos por enquanto. “Pretendo recomeçar os estudos e procurar um trabalho melhor”, conta. De acordo com Elizandra, o segredo para conseguir um bom lugar é ter escolaridade. “Se para os homens é difícil conseguir boa colocação sem formação escolar, para as mulheres é um desafio maior ainda”, ressalta.

Em meio a tantos dados que mostram o aumento da presença feminina na sociedade brasileira, é importante observar a reação que estas informações causam nos homens. O pedreiro Aristides Fonseca Damasceno, que atualmente trabalha em uma obra na região central de Divinópolis, ficou feliz ao saber da predominância de mulheres. “Eu já desconfiava que elas eram maioria, porque passa muito mais mulher perto da obra do que homem. Isso é muito bom, porque se minha mulher me deixar, terei mais chances de encontrar a substituta”, afirma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela excelente reportangem sobre os 93 anos da nossa querida EEMAO. Obrigado por relatar felmente o acontecimento.
Marco Antonio Salanha - Diretor

Anônimo disse...

correção:
Parabéns pela excelente reportagem sobre os 93 anos da nossa querida EEMAO. Obrigado por relatar fielmente o acontecimento.
Marco Antonio Salanha - Diretor