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14 de abr. de 2011

Tragédia em Realengo: e as crianças que sobraram?

Os alunos e alunas que não morreram no massacre em Realengo, no Rio de Janeiro, receberão atenção médica e psicológica. Nada mais justo. Uma garota de 17 anos, estudante daquela escola, disse chorando em entrevista que não consegue se ver novamente dentro da sala de aula. Parece bobagem, mas este trauma existe e tem explicação. O susto pelo qual passou cria uma barreira invisível, como o costume que temos de evitar espinhos, pois já nos espetamos e conhecemos o perigo.

Massacre no Rio de Janeiro fez governo antecipar campanha de desarmamento - Tasso Marcelo / AE
Situação delicada para pais e educadores. Professores pedem aos alunos que se esforcem para viver melhor, em paz e de bem com seus pares. Difícil explicar para as crianças a razão de um comportamento assassino, frio e cruel. Uma pedagoga disse que os pais precisam ajudar o filho a entender a história. “Responda apenas o que for perguntado. Permita o choro da criança caso ela queira chorar e não a reprima caso não esboce nenhuma feição de tristeza diante das informações”, aconselhou.

Ideologia religiosa

O conteúdo da carta que o assassino carregou no bolso indica o quanto ele era refém da religião. O que, para mim, é uma venda nos olhos, para ele era a salvação. Queria ser sepultado com lençóis brancos, o abusado. Quase um anjo. Anjo da morte. Um comensal do demônio que acreditava na salvação de divina. Em sua narrativa, falou de pureza, impureza, virgindade e adultério. Quis matar principalmente meninas, talvez para se vingar pela atenção que não recebeu delas. Elas que, se ainda não eram, seriam pecadoras. Inadmissível pelo seu deus. Ele massacrou para se livrar.

No Irã, Deus é a razão para apedrejar mulheres. Alá arma homens bombas e joga aviões contra torres. Temos a impressão de que estamos sozinhos. Pessoas violentas acham na religião uma desculpa para matar e morrer. E nós, que não cremos em divindade? Estamos só ou Deus nos guarda e protege destes loucos?

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