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26 de jul. de 2011

Velocidade e adrenalina nas serras de Pitangui



Neste domingo (24/7), centenas de ciclistas subiram até o alto da Cruz do Monte, em Pitangui, onde participaram da quarta edição do Mountain Bike Pitangui. A competição, que recebe apoio da prefeitura da citangui, acontece desde 2008 e reúne atletas de várias regiões. 

Marcus Vinícius Moreira é ciclista, participa de várias competições, é professor de spinning e um dos organizadores da prova. De acordo com ele, a avaliação foi ótima, superou as expectativas. "Ano passado, trouxemos 217 atletas. Este ano, foram 238. Vieram competidores de várias cidades que não participaram nas edições anteriores, o que nos surpreendeu", disse. O número de participantes de Pitangui também aumentou, assim como os adeptos do ciclismo na cidade, de acordo com Marcus, cresceu nos últimos quatro anos, desde que o Mountain Bike Pitangui começou a ser realizado. 

O radialista Marcus Vinícius Moreira também é ciclista e um dos organizadores da competição (foto: Ricardo Welbert)

Ricardo Welbert - A topografia de Pitangui também favorece a prática, não é?
Marcus Vinícius - Com certeza. Muito. No ciclismo de montanha, hoje, para o atleta (seja ele amador ou profissional), quanto maior a dificuldade, melhor. Para o amador, que faz suas trilhas esporadicamente, há uma dificuldade porque ele terá muita história para contar. "Subi um morro que tinha seis quilômetros". Vai poder chegar em casa, contar para a esposa, para a vizinha, para o amigo. Para o atleta profissional, a dificuldade é boa porque quando o caminho é muito difícil, separam-se os homens dos meninos. 

RW - No Mountain Bike Pitangui, vocês contam com estrutura e apoio técnico altamente profissionais, não é mesmo?
MV - É, Ricardo. Nós estamos trabalhando com a mesma equipe há praticamente quatro anos, desde que começamos a fazer o evento. 43 pessoas trabalharam na equipe. Mas a novidade de ontem foi que contratamos a empresa, a Speedtime, que faz cronometragem da maioria das provas da região. Um pessoal que trabalha nesta área há bastante tempo. A cronometragem dos atletas foi totalmente digital. Não tinha como errar. Outra vantagem: o atleta tinha sua colocação já com o tempo de prova. Já sabíamos, inclusive, a média horária em que o atleta conseguiu chegar ao fim da prova. 

RW - Quais foram as categorias da competição?
MV - Aproximadamente 14 categorias. A categoria estreante local foi para os atletas de Pitangui que pedalam de vez em quando, participam de competições na região, mas sem compromisso. A Estreante Aberta foi para pessoas do mesmo nível, mas outras cidades. A gente quis separar para incentivar o mountain bike na cidade, a prática da atividade. Quer dizer: o atleta que pega a bicicleta somente no fim de semana para dar aquela voltinha, seja com o filho ou a esposa, poderia participar da prova e, no final, receberia uma medalha de participação por ter completado o percurso, e concorreria aos prêmios na colocação do primeiro ao décimo de cada categoria. Tivemos a categoria feminina, onde registramos a participação da Isabella Lacerda, que hoje faz parte da seleção brasileira de Mountain Bike na categoria Sub-23 (abaixo de 23 anos). A Isabella, este ano, por exemplo, esteve no Panamericano. Tivemos também a categoria masculina (que são os atletas profissionais), Infanto-juvenil, Juvenil, Júnior, Sub-30, Sub-35, Sub-40, Sub-45, Over-45 e Over-50. Uma participação muito grande do pessoal mais velho, vale registrar. O pessoal que já conheceu o ciclismo um pouco tarde, mas que hoje pratica mountain bike com muito afeto e com muita dedicação. Porque a pessoa com idade acima de 50 encontra certa dificuldade para participar de uma competição que exige muito do atleta. 

A beldade do ciclismo Isabella Lacerda comemora o 1º lugar
na categoria Sub-23 do Mountain Bike Pitangui (foto: site Moc Radical)
RW - Esta atleta que participa da seleção brasileira competiu. Qual foi a colocação que ela conseguiu?
MV - Ela conseguiu o primeiro lugar, viu Ricardo. E vale registrar que deixou muitos marmanjos para trás. Deixou muita gente para trás. Ela anda muito forte. A Isabella Lacerda é de Itaúna (MG) e, se não estou enganado, é formada em Educação Física. Uma excelente atleta que está representando muito bem nossa região no mountain bike aos níveis nacional e internacional. 

RW - Você poderia dizer para a gente algumas cidades que participaram no 4º Mountain Bike Pitangui? 
MV - Teve Serra do Cipó, Pains, Arcos, Nova Lima, Santa Luzia, Ribeirão das Neves, teve gente de Montes Claros (que é uma cidade localizada a quase 500km de Pitangui). Falei com o Daniel ontem, depois que fomos desmontar toda a estrutura colocada para os atletas. Estávamos conversando que nossa competição está crescendo tanto em credibilidade que estamos conseguindo atrair pessoas que não vieram nas outras edições. Estamos trazendo atletas novos. Falo isso de cadeira porque sou ciclista. Se eu for numa prova em Nova Serrana, por exemplo, e perceber que ela é bem organizada, a estrutura é boa, a localização é boa, a largada não atrasa, a premiação é excelente, o percurso está bem marcado, os pontos de água estão bem distribuídos, vou sair daquela cidade e conversar com os colegas que também praticam mountain bike. "Eu competi em Nova Serrana, a prova foi boa, a estrutura, excelente, estava muito bem organizada, largou 10h em ponto, a premiação foi às 15h em ponto, etc. Então, isso é um ponto favorável para os organizadores. Para nós, organizadores, é bom que sua prova, no modo de falar, zere. Zerar cronometragem. A premiação muito boa, seja em dinheiro ou troféus. A estrutura oferecida para atletas, boa. E este ano, pela segunda vez consecutiva, Ricardo, nós servimos almoço para todos os participantes do mountain bike e isso atrai muito porque o atleta, seja profissional ou amador, quando vem para uma competição, vem com o dinheiro na conta da inscrição e de fazer um lanche. Aí, ele paga a inscrição, tem toda a estrutura da prova e ainda almoça. E eles almoçaram muito bem no bar e restaurante Recanto da Serra, do "Baixinho". Uma estrutura muito boa. O pessoal adorou. Até ouvi um atleta comentando com uma pessoa: "o pessoal daqui de Pitangui é muito acolhedor. É como na minha cidade. Passam por você na rua, lhe dão "bom dia", "boa tarde", puxam papo, falam da cidade. É favorável que as pessoas da cidade sejam acolhedoras com quem está visitando a querida Pitangui. E isso foi muito bom. 

Na categoria Elite, Eudes Ramiro Daniel foi o grande vencedor, seguido por Gustavo Ricardo e Ricardo Santos. Gustavo Ricardo também foi o vencedor da Meta de Montanha, que premiava o primeiro ciclista a passar no final da subida de 6 kms! (foto: site Moc Radical)
RW - É um evento que conta, na organização, com pessoas experientes na prática esportiva. O Daniel Bruno Lopes é professor de Educação Física, você é professor de spinning. Você acha que esta experiência contribui para que o evento alcance o sucesso objetivo?
MV - Com certeza. Ricardo, se não tivesse a cabeça do Daniel para pensar nas partes logística e de secretaria; e eu na marcação e escolha do percurso, ficaria difícil. Tenho 16 anos de ciclismo. Isso me ajuda, e muito. Por eu ser professor de spinning e participar das competições na região, contribui muito. Porque se uma pessoa "leiga" no mountain bike pegar uma competição desse nível que nossa competição já está adquirindo, fica complicado porque a pessoa não saberá por onde passar, o que fazer na marcação de percurso. Porque tem sinalizações que identificam o percurso por onde o atleta deve passar e por onde o atleta não deve passar. Os pontos de água têm que ser milimetricamente bem colocados, na quilometragem certa. No percurso maior, que teve 48 km ontem, Ricardo, nós colocamos cinco pontos de água. Até, um pouco antes da largada, o Geraldo Rodrigues, que é de Nova Lima (MG), atleta profissional que conheço há muito tempo (ele está entre os top 5 do Brasil), estava no deslocamento, eu estava na caminhonete, atrás, conversando e ele me perguntou sobre o percurso e os pontos de água. Eu disse que eram cinco pontos de água e ele completou. "Puxa! Isso tudo? Água a cada dez quilômetros?". Eu disse: "é. A gente está dando uma estrutura para que vocês não passem sede no caminho". Foram distribuídos 1.800 copos de água. No percurso menor, o ganhador foi o Gabriel Henrique de Souza Lopes, da cidade de São Gonçalo do Pará. O segundo colocado geral foi Dilermando de Fátima Melo, de Divinópolis, um dos ciclistas da região mais respeitados na idade em que está. A categoria dele é Over-50 (acima de 50 anos de idade). Ele foi o segundo geral do percurso menor. Já foi campeão do Iron Biker, campeão brasileiro e mineiro na categoria dele, da Copa Internacional. Na região, ganha todas na categoria dele. Um atleta que é patrocinado (por incrível que pareça, pois é um produto que não tem nada a ver com ciclismo) pelo hospital São João de Deus, da cidade de Divinópolis. 

RW - Não tem a ver com ciclismo, mas tem a ver com saúde. 
MV - Tem a ver com saúde, justamente. Patrocina-o, leva para as competições, paga inscrição, dá toda estrutura. Isso é bom para mostrar ao comerciante e empresário da região, para que olhem para o ciclismo com outros olhos. Porque o ciclismo hoje dá, em média, 40 medalhas por olimpíadas. É muita coisa. 

RW - E o total da premiação?
MV - Foram R$ 3.500,00 em dinheiro, distribuídos para todas as categorias, além de troféus do 1º ao 3º lugares e medalhas de 4º ao 10º, mais a medalha de participação. O primeiro colocado geral foi o Eudes Ramiro Daniel, da Serra do Cipó, levou R$ 250,00 em dinheiro.  E nós colocamos a meta de montanha valendo R$ 100,00 no km 7, que foi na subida da Ibar, na Serra dos Antimes. Quem ganhou foi o Gustavo Ricardo Santos, de Lagoa da Prata, 3º colocado no ranking brasileiro da categoria Sub-30. É um atleta profissional também. É o terceiro ano em que ele vem para nossa prova. 

RW - Vocês já estão pensando na próxima edição da competição?
MV - Com certeza. Quando a gente está ali, no finalzinho, conversando, o Daniel e eu falamos um para o outro: "vamos descansar ano que vem?". "Vamos!". Aí, se passam cinco minutos, um olha pro outro e diz: "vamos fazer ano que vem, sim". É gostoso. A gente faz por amor ao esporte. O trabalho que dá é muito cansativo. Estamos organizando esta prova desde ano passado. Para você ter uma ideia, estou organizando o percurso desde fevereiro. Faz cinco meses. Eu escolho o percurso e trago amigos que vem para fazer o percurso e conhecer. Eles me falam: "ah, está difícil" e eu procuro outro percurso. "Ah, esse aqui ficou legal. Que lugar bonito!". Vou pela maioria. Eles escolhem que este está bem sinalizado, bem escolhido, então eu defino. Depois, preciso ir aferindo cada ponto para saber a quilometragem, onde colocaremos os pontos de água, distribuição dos fiscais, etc. Trabalharam conosco nesta edição 22 fiscais de percurso, que indicam a direção certa para os atletas, mesmo que seja sinalizado com fita zebrada e cal. Foram nove motoqueiros trabalhando. Na secretaria, aproximadamente 15 pessoas, entre outras envolvidas indiretamente. 

RW - Sobre o sucesso do evento, qual palavra você gostaria de deixar para os patrocinadores?
MV - No momento da entrega dos prêmios, eu disse que se não fossem a ajuda, a contribuição, o apoio e patrocínio da prefeitura de Pitangui, não teria como fazermos este evento. E também do comércio da cidade e da região. Teve loja de Divinópolis, Pará de Minas e Nova Serrana nos patrocinando. E isso é bom porque mostra que nosso evento vem ganhando credibilidade. O pessoal está confiando que nosso trabalho é sério. Queremos elevar Pitangui aos níveis estadual, nacional ou, quem sabe, mundial. No domingo, teve uma etapa do campeonato mundial de mountain bike Master em Santa Catarina. Quem sabe, daqui a 10 ou 15 anos, estaremos trazendo uma etapa do campeonato nacional ou mundial. Pitangui tem condições de sediar estas etapas de campeonatos? Tem. Basta união entre prefeitura, organizadores, comércio local e da região, que está acreditando na gente e, claro, a participação da população. É bom registrar também que o pessoal foi para a Cruz do Monte realmente para assistir ao deslocamento dos atletas até o ponto de largada. Quero agradecer ao comércio da cidade e da região, além da prefeitura municipal, pela força. Ajudaram-nos muito. Se não fosse o apoio da prefeitura, não teria como realizar uma competição do nível que foi esta. Não conseguiríamos dar a estrutura que demos para os atletas e visitantes na Cruz do Monte. E vem aí o 5º Mountain Bike Pitangui, em 2012. 

RW - No mais, parabéns a toda equipe que participou da organização deste evento. 
MV - Agradeço pelos elogios em nome de toda equipe organizadora. Ano que vem, tem mais. Ontem mesmo, Daniel e eu começamos a colocar as cabeças para pensarem em novidades para o ano que vem. Estou querendo - vou até adiantar aqui, em primeira mão - fazer a categoria Turismo a partir de 2012. Categoria Turismo são para aquelas pessoas que não competem, mas que pegam a bicicleta e vão andar com a esposa, com a namorada, que quer pegar o filho de 8 ou 9 anos. Vamos preparar um percurso pequeno, com poucas subidas, para todo mundo passar, atravessar córregos e passar por matas fechadas. Não é competição. É um passeio ciclístico para apoiar o esporte na nossa cidade e, ao mesmo tempo, fazer um esporte ecologicamente correto.

Para conferir os resultados de todas as categorias do Mountain Bike Pitangui 2011, clique aqui

O alto da Cruz do Monte, onde está o Cristo Redentor, foi o local de saída e chegada
(foto: site Moc Radical)

Apesar do frio da tarde nublada, alguns ciclistas corajosos se banharam no caminhão-pipa oferecido pela prefeitura
(foto: site Moc Radical)

Bicicletas se abraçam após longas horas de competição (foto: site Moc Radical)

Na hora de descer o morro e ir embora, nada de pedaladas (foto: site Moc Radical)


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